O QUE DISSERAM SOBRE AS ESTRELAS E O ESTRELATO

Seleção e Organização: Marco Aurélio Lucchetti

Brigitte Bardot: Há muitas pessoas que se comprazem em fazer em voz alta observações como esta: “Penso que ela já foi melhor… Bem, se isso é uma estrela de Cinema…”
Edgar Morin: As estrelas são seres ao mesmo tempo humanos e divinos, análogos em alguns aspectos aos heróis mitológicos ou aos deuses do Olimpo, suscitando um culto e mesmo uma espécie de religião.
Edwige Fenech: Não me agrada a vida de estrela.
Meg Ryan: O estrelato não faz parte da minha rotina. Não é parte da minha vida.
Alfred Hitchcock: Uma mulher realmente bonita iniciando a carreira cinematográfica é privilegiada, porque, por algum tempo, as plateias farão vista grossa à sua falta de habilidade para representar. Ela pode se tornar uma estrela da noite para o dia e aprender a representar depois, como aconteceu com Jean Harlow.

Edgar Morin: O nascimento de uma estrela é o acontecimento mais faustoso que a indústria cinematográfica pode conhecer. Ameaçada pela televisão a partir de 1948, Hollywood procurou e encontrou durante alguns anos sua salvação não somente na tela panorâmica, como também no lançamento de superstars como Marilyn Monroe.
Marilyn Monroe: É duro chegar a ser uma atriz. Quando me deram o papel que desempenhei em Os Homens Preferem as Loiras, Jane Russell fazia o de minha rival: a morena. Ela recebeu duzentos mil dólares por seu trabalho no filme, ao passo que eu não ganhava senão quinhentos dólares por semana. Jane Russell foi muito gentil comigo, durante toda a filmagem. Mas os outros, não. Basta dizer que nem sequer consegui obter um camarim só para mim. E eu fazia questão de ter o camarim, concedido a todas as atrizes importantes. Por isso, dizia aos dirigentes do estúdio:
“Escutem aqui! Isso não é lógico. Eu sou a loira. E o filme se chama Os Homens Preferem as Loiras. Tenho direito a um camarim.” Eles, no entanto, não faziam senão
repetir: “Ora! Lembre-se de que não é uma estrela!” E eu retrucava, cada vez mais irritada: “Sei que não sou uma estrela! Mas, em todo o caso, sou a estrela.”
Brigitte Bardot: No estúdio sempre tive as mesmas pessoas ao redor de mim. Uma
vez que se tenha alcançado um certo grau na hierarquia do estrelato, adquire-se o direito de indicar, por exemplo, a sua maquiadora. Tudo no contrato.
Ashley Judd: Segundo o contrato, minha imagem pode ser usada para sempre e por
todo o Universo. É sério! Essa é uma cláusula do contrato que me faz rir. O estúdio tem o direito de me exibir até em Marte!
Edgar Morin: A estrela de Cinema é deusa. O público a torna assim. Mas quem a prepara, apronta, modela, propõe e fabrica é o star system.
Alfred Hitchcock: Acredito no sistema de estrelato porque o Cinema é um negócio.
E, como diretor, não posso me dar ao luxo de perder o dinheiro que investi no meu negócio.
Edgar Morin: A estrela não é idealizada apenas em função de seu papel. Ela já é, pelo menos potencialmente, idealmente, bela. Não é somente glorificada por sua personagem, ela também a glorifica.

1660448 Claudia Cardinale and Brigitte Bardot, 1971 (b/w photo); (add.info.: Claudia Cardinale and Brigitte Bardot at premiere of film Petroleum Girls on december 17, 1971 in Paris); Photo © AGIP.

Claudia Cardinale: Lembro-me sempre de uma cena passada em Madri. Estávamos eu e meu marido, Franco, sentados à mesa de um restaurante, esperando Brigitte Bardot.
De repente, ela apareceu com os cabelos soltos, sem maquilagem, com uma minissaia curtíssima. O restaurante, que estava cheio e barulhento, ficou silencioso, de boca aberta. É inegável. Brigitte é uma verdadeira estrela. [O fato relatado por Claudia Cardinale ocorreu em 1971, na época em que ela e Brigitte Bardot trabalhava no filme
As Petroleiras (Les Pétroleuses), dirigido por Christian-Jaque (1904-1994) e rodado na Espanha].
Norberto Viana: A simbologia e o atrativo que exerceram sobre as multidões das salas escuras artistas como Greta Garbo, Rodolfo Valentino, Marlene Dietrich ou Jean Gabin estão ligados a uma idolatria especial – o mito. Mesmo as talentosas Katharine Hepburn, Jean Arthur, Janet Gaynor não reuniram as condições mitológicas necessárias, apesar da sua categoria artística e da sua beleza. Tem o mito alguma relação com o talento? Estamos convencidos de que sim. A vedeta cinematográfica, que domina um grande número de espectadores, possui algo de misterioso, algo de animal e atrativo, alguma coisa com aptidões artísticas excepcionais ou, pelo menos, fora do comum. É o caso de Brigitte Bardot. Brigitte Bardot, a única.
Brigitte Bardot: Será difícil encontrar outra estrela de minha categoria que tenha passado tanto tempo produzindo bobagens.

QUEM É QUEM

Alfred Hitchcock (sir Alfred Joseph Hitchcock, 1899-1980) – cineasta inglês.
Ashley Judd (pseudônimo de Ashley Tyler Ciminella) – atriz estadunidense.
Brigitte Bardot (Brigitte Anne-Marie Bardot) – atriz, modelo e ativista francesa.
Claudia Cardinale (Claude Josephine Rose Cardinale), atriz italiana nascida na Tunísia.
Edgar Morin (pseudônimo de Edgar Nahoum) – antropólogo, sociólogo e filósofo francês.
Edwige Fenech – atriz e produtora cinematográfica nascida na Argélia e naturalizada italiana.

Marilyn Monroe (pseudônimo de Norma Jean Baker, 1926-1962) – modelo e atriz estadunidense.
Meg Ryan (Margaret Mary Emily Anne Hyra) – atriz estadunidense.
Norberto Viana – crítico cinematográfico português.


Marco Aurélio Lucchetti é professor universitário e pesquisador de Cinema,
Quadrinhos e livros populares.


“Minha grande paixão é o Cineclube Cauim, uma ONG que tem como objetivo disseminar a cultura através da música, teatro e cinema, para que a população do município possa usufruir de uma ferramenta educacional.”

– Sócrates, jogador

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